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Linguagem e Paralisia Cerebral

Com este livro a autora oferece ao leitor uma reflexão sobre o papel da linguagem na clínica com crianças acometidas de paralisia cerebral, nos seus diversos níveis de gravidade. Trata-se de um trabalho que nasceu da prática clínica e do que nela a autora encontrou como razão para se afastar de um atendimento voltado exclusivamente ao treino de padrões articulatórios.

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Conhecimentos Essenciais para Entender Bem a Relação entre Linguagem e Paralisia Cerebral.
Autor: Yasmin Frazão
I.S.B.N.: 85-89892-10-7
Edição: 1 / 2004
Número de Páginas: 62
Idioma: Português

Apresentação

Com este livro a fonoaudióloga Yasmin Salles Frazão oferece ao leitor uma reflexão sobre o papel da linguagem na clínica com crianças acometidas de paralisia cerebral, nos seus diversos níveis de gravidade. Trata-se de um trabalho que nasceu da prática clínica e do que nela a autora encontrou como razão para se afastar de um atendimento voltado exclusivamente ao treino de padrões articulatórios.

O tratamento ou terapia de linguagem, em alguns casos, é à primeira vista paradoxal, já que muitas vezes, o prognóstico médico é de que a criança jamais falará. Diante deste obstáculo muitos profissionais resignam-se a um trabalho fonoarticulatório e de treinamento das funções neurovegetativas. A própria Yasmin refere-se ao período inicial do seu percurso clínico, como dominado por uma ênfase neste tipo de trabalho, isto é, voltado para a “mecânica da fala”.

O aparente paradoxo se desfaz contudo ao longo do livro, à medida que Yasmin apresenta as razões que sustentam seu movimento teórico, que a leva a se indagar sobre os fatores de inserção da criança no registro do simbólico. Nessa discussão a autora vai se deter nos efeitos que a fala do outro promove no corpo do infans, que embora prisioneiro de um comprometimento neurológico grave, não deixa de ser por ela afetado. A interpretação do adulto faz com que a criança se reconheça como alguém para um outro, isto é, compareça na fala do adulto como falante.

Um dos interesses deste livro, que originariamente foi uma tese de mestrado, é o fato de Yasmin partir de uma discussão aberta sobre o seu próprio trabalho, apontando de forma viva e pessoal seus impasses, levando o leitor a acompanhá-la nas mudanças teóricas empreendidas, no reconhecimento das perspectivas que as hipóteses do interacionismo em aquisição de linguagem abrem para a reflexão sobre a atividade clínica. Da adoção do “Tratamento Neuroevolutivo-Bobath” às questões centrais ao livro, sobre os efeitos da interpretação do adulto na inserção da criança na linguagem, não se traça um caminho em que se abandona simplesmente o primeiro; ele é redimensionado como uma ação local, fisioterápica e útil na clínica mas que, como tal, nada pode trazer para a reflexão sobre a natureza da linguagem.

As relações entre linguagem e paralisia cerebral são portanto retomadas neste livro a partir do conceito de interpretação na relação criança-adulto, em que este último é reconhecido como uma instância interpretativa. Se é fato que por tratar dos casos em que há severo comprometimento neurológico, aautora reconhece que a criança está impossibilitada de vir a falar, não é menos verdade que, ainda assim, ela sustenta na terapia de linguagem a posição de falante adulto; aquele que diante dos gestos, olhares e/ou esboços de vocalizações infantis não deixa de interpretar, promovendo efeitos que se reconhecem pela inserção da criança na fala de um outro, na qual é significada.

Além deste tema central no livro, em torno do qual se organiza a reflexão sobre a prática clínica, sobre os impasses no tratamento e sobre a nova direção dada pela autora ao seu próprio trabalho como fonoaudióloga, dois outros pontos devem ser assinalados na discussão empreendida por Yasmin. Eles não se destacam contudo da questão da interpretação, ao contrário, é porque dela tratou que a autora pôde também explicitar outros pontos de uma constelação de questões que se engendram no quadro do tratamento clínico da paralisia cerebral.

O primeiro é o problema da relação entre a extensão e gravidade da lesão neurológica e os sintomas apresentados pela criança. Aliando-se a outros pesquisadores que criticam a relação causa e efeito entre lesão e sintoma, Yasmin aponta brevemente as diversas manifestações deste ao procurar levantar seus inúmeros desdobramentos no trabalho clínico.

Outra questão, decorrente da primeira, diz respeito ao impacto que o diagnóstico de paralisia cerebral promove na família, principalmente nos pais. De um lado, manifestações comuns em crianças não lesionadas são muitas vezes vividas pelos pais de uma criança afetada pela paralisia cerebral como uma expressão do patológico. Por outro, dada à angústia causada pelas manifestações vocais e gestuais distintas das usualmente encontradas, os pais se sentem, em certas ocasiões, barrados na fala com a criança, incapazes de se reconhecerem “em diálogo”, isto é, de interpretarem gestos e vocalizações como demanda de significação. Em razão desta e de outras questões Yasmin observa que, por vezes, o pedido dos pais é inicialmente a de simples supressão das dificuldades decorrentes do comprometimento motor, alimentação principalmente. Como fonoaudióloga sua atuação tem visado à descristalização do apelo emergencial, para que nele se insira a linguagem e seus efeitos de subjetivação.

De fato, o leitor poderá acompanhar também o trabalho da autora junto às famílias. Entre o pessimismo de uns ou o otimismo cego de outros, entre a dor e a esperança, coube à Yasmin criar um espaço de tratamento da criança e de escuta e trabalho com a família.

Nesse sentido, pode-se dizer que este livro é o fruto de uma atividade clínica desenvolvida ao longo dos anos e que o antecede. Mas não só isso, ele é também, principalmente, uma busca de teorização através do relato das transformações por que passou a própria autora na prática e na reflexão sobre a prática como fonoaudióloga especializada no tratamento dos inúmeros casos de crianças acometidas de paralisia cerebral.

Por essa razão, embora inicialmente elaborado como uma dissertação de mestrado defendida em 1996, como orientadora do trabalho tenho a alegria de constatar que ele continua despertando interesse e deixa neste momento o âmbito de circulação mais restrito de uma tese para a publicação deste livro, que eu tive o prazer de apresentar ao leitor.

Maria Fausta Pereira de Castro